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Áreas Exteriores


As áreas exteriores referem-se a áreas fora da casa da pessoa, seja esta uma vivenda ou um apartamento, tais como garagem, varanda ou alpendre, jardim ou horta, piscina ou acessos do edifício. 

Os objetivos gerais de quaisquer mudanças nestas áreas serão sempre ajudar a pessoa com demência a manter-se o mais independente possível, garantir a sua segurança e conforto, promover e facilitar as oportunidades de participação e o seu envolvimento em atividades que lhe sejam significativas. 

Alguns objetivos mais específicos serão: 

  • Que a pessoa possa circular da forma mais autónoma possível nas áreas exteriores, sem que os cuidadores estejam constantemente preocupados com a segurança; 
  • Que se crie um ambiente seguro, confortável, tranquilizante e agradável para os sentidos da pessoa, onde ela possa estar e apreciar o exterior; 
  • Que se criem oportunidades no exterior que facilitem o envolvimento da pessoa em atividades que lhe provoquem bem-estar; 
  • Que a pessoa encontre com facilidade ferramentas e objetos que precise para realizar as suas atividades, ou referências importantes como a porta da rua ou a caixa do correio; 
  • Que se reduzam os riscos de confusão, quedas, queimaduras, electrocução, afogamento e lesões (como cortes ou traumatismos). 

As mudanças devem ser sempre adaptadas às capacidades e dificuldades da pessoa com demência e podem ser feitas através de simples estratégias. 

De seguida, apresentamos uma lista de estratégias que podem ser úteis aplicar nas áreas exteriores de uma casa, dependendo se se trata de uma vivenda ou de um apartamento. 


Escadas/Degraus 

  • Como as escadas são um dos locais mais propícios a quedas na habitação, não só para idosos e pessoas com demência, mas também para a população em geral, se for possível reorganizar a vida da pessoa para evitar ou reduzir a sua utilização, então é aconselhável que se faça; 
  • No entanto, caso não seja conveniente ou se for importante para a pessoa utilizá-las, para manter a sua autonomia e bem-estar então sugerem-se algumas estratégias: 
    • Contrastar os degraus de forma alternada e, se possível, com as paredes, para a pessoa perceber onde está a ir; 
    • Assinalar a extremidade dos degraus com tinta ou fita colorida, para que seja mais fácil perceber onde terminam; 
    • Colocar na extremidade dos degraus fita antiderrapante ou esteiras de borracha, para reduzir as hipóteses de escorregar; 
    • Afixar corrimãos na parede, fáceis de agarrar e à altura adequada ou, caso já tenha corrimãos, certificar-se que são robustos e que estão bem fixos; 
    • Certificar-se que as escadas não estão escorregadias e que, caso exista alcatifa a cobrir os degraus, a alcatifa não está danificada; 
    • Manter as escadas bem iluminadas
  • Se a pessoa já não tiver capacidade para utilizar as escadas de forma autónoma, seja por uma questão de mobilidade ou pelas suas dificuldades aumentarem o risco de queda, sugere-se: 
    • Instalar grades de segurança no fundo e no topo das escadas; 
    • Substituir as escadas por rampas, se tal for possível (também poderá ser aconselhável se a pessoa ainda tiver autonomia mas o chão apresentar desníveis acentuados); 
    • Recorrer a uma plataforma ou cadeira elevatória.


Varandas e Alpendres 

  • As varandas e os alpendres são bons locais para a pessoa com demência estar, para apanhar ar fresco e observar o exterior e outras pessoas, mas podem representar elevados riscos de queda; 
  • Aconselha-se colocar uma guarda de segurança com barras verticais ou painéis de acrílico, o que evitará que a pessoa possa cair da varanda ou alpendre mas mantenha a visibilidade para o exterior; 
  • Se existir um estendal de roupa, tentar assinalá-lo com uma cor que contraste com a parede e certificar-se que não está posicionado muito em baixo, o que pode constituir um perigo de traumatismo caso a pessoa bata nele. Se tiver muito baixo, ponderar removê-lo, reposicioná-lo, tapá-lo ou almofadá-lo com esponja


Garagem e Abrigo de Jardim 

  • O acesso à garagem e a atividades relacionadas com estes locais poderá ser importante para algumas pessoas com demência; 
  • No entanto, conforme as dificuldades e capacidades da pessoa e os potenciais perigos que representam, é preciso perceber se ela ainda consegue ou não utilizar ferramentas e outros objetos em segurança e, mediante essa análise, decidir o que deve ser mantido e retirado; 
  • Alguns objetos, ferramentas e produtos que poderão necessitar de ser retirados ou trancados num local seguro: 
    • Produtos químicos, tóxicos ou venenosos, como gasolina, tintas, diluentes, pesticidas, veneno para ratos; 
    • Escadotes; 
    • Máquinas como cortador-de-relva ou serras elétricas; 
    • Ferramentas afiadas ou pontiagudas, como ferramentas de carpintaria ou tesouras-de-podar; 
    • As chaves do carro se já constituir um risco a pessoa conduzir. 
  • Se a pessoa com demência conseguir utilizar com segurança as ferramentas e objetos, então os mais importantes deverão ser colocados de forma bem visível e destacada, para que ela os encontre facilmente, servindo assim como forma de a lembrar de fazer a atividade; 
  • Por exemplo, podem ser organizadas caixas de atividades, tais como caixas de jardinagem com luvas, ferramentas e sementes ou caixas de carpintaria, com algumas ferramentas e pedaços de madeira macia; 
  • Instalar um alarme de movimento na porta da garagem que emita um aviso sonoro quando a porta da garagem é aberta também poderá ser útil; 
  • Se for necessário desencorajar o acesso a uma garagem ou abrigo de jardim, por colocar em risco a segurança da pessoa ou dos seus cuidadores, pode tentar-se disfarçar a porta colocando uma planta ou uma peça de mobiliário à frente ou pintando-a da mesma cor da parede, embora seja preciso perceber se isso gerará frustração e agitação na pessoa com demência por saber que existe aquela porta e não a conseguir descobrir. 


Jardim e Horta 

  • Tal como para todas as pessoas, poder ver e estar no exterior e respirar ar fresco melhora bastante a qualidade de vida e bem-estar das pessoas com demência. Para além disso, estar em contacto com a natureza ou fazer jardinagem pode ter efeitos bastante terapêuticos; 
  • Os jardins e as hortas são ótimos para tal, pois são ambientes familiares e seguros para a pessoa, com muitas oportunidades de atividades significativas que lhe poderão gerar bem-estar; 
  • Criar oportunidades para realizar jardinagem ou cultivar vegetais poderá ser importante; 
  • Se a pessoa gostar de jardinagem mas tiver dificuldade em dobrar-se, pode ponderar-se colocar um canteiro elevado
  • Se a pessoa gosta de regar o jardim mas esquece-se de desligar a torneira, poderá ser útil instalar temporizadores nas mangueiras
  • Retirar do jardim todas as plantas venenosas que possam ser ingeridas e todas as plantas pontiagudas que possam provocar ferimentos; 
  • Garantir que os caminhos são largos, planos e não escorregadios, sem musgo, bolor, gravilha ou pavimento solto ou irregular; 
  • Garantir que os caminhos estão livres de obstáculos, tais como mangueiras, vasos, ramos de árvore ou plantas com espinhos; 
  • Certificar-se que todos os caminhos do exterior levam a algum lado – e não a becos sem saída, que podem gerar agitação na pessoa – em especial a lugares agradáveis tais como um jardim, a horta ou um banco numa zona de sombra, ou então que conduzam a pessoa novamente a casa; 
  • Garantir que existem lugares à sombra para a pessoa se sentar e poder descansar e desfrutar da natureza, colocando uma cadeira ou banco confortável, estável e resistente; 
  • Todo o mobiliário de jardim será mais fácil de identificar se tiver uma cor contrastante com aquilo que o rodeia. Por exemplo, a cadeira ser branca ou vermelha, contrastando com o verde do jardim; 
  • Para ajudar a identificar a porta, para quando a pessoa quiser regressar ao interior da casa, fazer a porta sobressair pintando-a com cores vivas e contrastantes com as paredes exteriores, ou colocando objetos que orientem a pessoa em direção da porta, como vasos de plantas ou luzes de presença; 
  • Enquanto a pessoa for capaz de reconhecer o caminho, sugere-se que não se realizem quaisquer alterações, já que poderão ter o efeito oposto, confundindo a pessoa. 


Outras Estratégias 

  • Se por algum motivo a pessoa já não puder ou conseguir sair de casa, pode ser útil colocar um lugar dentro de casa, à janela, onde a pessoa se possa sentar e observar o jardim ou o exterior, se isso a tranquilizar e lhe proporcionar bem-estar. Para varandas e janelas, pode colocar-se um vaso com vários tipos de flores perto do local onde a pessoa está sentada; 
  • Se a pessoa tiver capacidade para ir à rua realizar atividades que são significativas e que lhe permitem estar em contacto com outras pessoas, poderá ser uma boa ideia arranjar alguma estratégia para fazer a porta da rua sobressair, tornando-a mais fácil de identificar de entre portas de outras casas ou prédios. Pode ser pintando-a de uma cor contrastante ou colocar algum objeto perto que ajude a identificá-la, como um vaso. É também importante garantir que a fechadura e chaves são simples de utilizar para a pessoa; 
  • Se a pessoa gostar ou tiver o hábito de ir buscar o correio mas tiver dificuldade em encontrar a caixa, poderá ser útil pintá-la de uma cor viva e diferente das restantes. É também importante garantir que a caixa é limpa com regularidade; 
  • Se a casa tiver uma piscina, é fundamental colocar uma vedação à volta da piscina para evitar que a pessoa caia ou se afogue, num momento de maior confusão; 
  • Se a pessoa tiver uma tendência para mexer no lixo e tirar objetos ou comida de lá, será útil trancar o contentor ou esconder o contentor ou retirá-lo do alcance visual da pessoa. Pode pedir a um vizinho para guardar o seu contentor de lixo, se tal for possível. 

Conteúdo atualizado a 6 de Dezembro de 2022