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Alterações do Apetite


As pessoas com demência têm, frequentemente, alterações do apetite e dos seus hábitos alimentares. As alterações do apetite podem ser divididas em três categorias: 

1.  Diminuição do Apetite

  • Perda de interesse pela comida; 
  • Esquecimento de comer. 

2.  Aumento do Apetite

  • Comer repetidamente; 
  • Vontade constante de comer e/ou procura constante por comida; 
  • Hiperoralidade: compulsão que leva a pessoa a levar objetos à boca (incluindo objetos não-comestíveis), o que a leva a comer demais. 

3.  Alterações das Preferências Alimentares

  • Querer comer apenas determinados pratos ou alimentos; 
  • Ficar mais gulosa; 
  • Rejeitar comidas de que sempre gostou; 
  • Aceitar comidas de que nunca gostou; 
  • Ficar incomodada com cheiros, cores e texturas específicas da comida. 

Apesar de frequentes, as alterações de apetite das pessoas com demência são muito variáveis, dependendo de cada pessoa e cada situação. 

No entanto, se a pessoa com demência não estiver a comer o suficiente ou a ter uma alimentação equilibrada, isso poderá ter impacto na sua saúde física - por exemplo conduzindo a perda de peso e de massa muscular, a sentir-se mais fraca e cansada ou a ficar mais suscetível a infeções. Essas alterações da saúde física da pessoa poderão agravar o quadro de demência e desencadear alterações de comportamento. 

Para dificuldades frequentes e estratégias úteis relacionadas com o apoio diário na alimentação da pessoa com demência, incluindo nutrição, consultar Alimentação.


1.  Diminuição do Apetite


O que pode provocar a diminuição do apetite? 

  • Dor ou desconforto. A pessoa pode estar a sentir dor ou desconforto – por exemplo, devido a uma infeção urinária ou respiratória, ou a estar sentada na mesma posição durante muito tempo – e, como tal, não ter grande apetite; 
  • Problemas na boca e dentes. Problemas como dor de dentes, aftas (feridas na boca), gengiva inflamada, próteses dentárias soltas, mal colocadas ou desconfortáveis ou boca seca poderão fazer com que a pessoa não tenha vontade de comer; 
  • Problemas médicos. Problemas cardíacos, diabetes, prisão de ventre ou dificuldades a engolir podem conduzir a uma diminuição do apetite; 
  • Depressão. Se a pessoa estiver deprimida, isso pode fazer com que perca o interesse na comida e o seu apetite diminua. A depressão é comum em pessoas com demência; 
  • Dificuldades de memória. A pessoa pode esquecer-se de comer ou beber; 
  • Não reconhecer a comida. Devido às dificuldades de perceção provocadas pela demência, a pessoa pode ter dificuldades em reconhecer a comida e, por isso, não comer; 
  • Alterações do paladar e olfato. A demência pode provocar alterações no paladar e olfato, fazendo com que a pessoa perca interesse na comida, já que a comida não cheira nem sabe tão bem como no passado; 
  • Cansaço e concentração. Se a pessoa com demência estiver muito cansada, isso poderá fazer com que ela pare de comer a meio da refeição. Pode também contribuir para que a pessoa tenha maior dificuldade em se concentrar no que tem de fazer durante a refeição ou mesmo que tenha mais dificuldades de coordenação; 
  • Dificuldades de comunicação. A pessoa com demência pode estar com dificuldades em comunicar que não gosta de determinada comida ou que a comida está demasiado quente, ou não saber o que fazer com a comida e não ter capacidade para perguntar. Como tal, nesses momentos, a forma de expressar as suas necessidades será o seu comportamento, por exemplo, recusando-se a comer ou cuspindo a comida que tem na boca; 
  • Medicação. Alterações de medicação ou na dosagem da medicação podem causar diminuição do apetite; 
  • Falta de atividade física. Se a pessoa estiver pouco ativa fisicamente durante todo o dia, provavelmente terá menos apetite; 
  • Consumo de excessivo de refrigerantes e bebidas açucaradas poderá diminuir o apetite na altura das refeições. 


O que fazer quando existe diminuição do apetite? 

  • Verificar se existem problemas dentários. Verificar a boca da pessoa, procurando por sinais como vermelhidão, gengivas inflamadas, aftas, cáries ou problemas com próteses dentárias. Uma estratégia útil será tocar levemente na face, ao longo da boca, procurando alguma expressão de dor; 
  • Garantir uma boa higiene oral. Ajudar a pessoa a lavar a boca, os dentes e as próteses dentárias duas vezes por dia, e marcar consultas regulares com o dentista. Para mais estratégias, consultar Higiene Oral;
  • Ter em conta as preferências da pessoa. Os alimentos, pratos e temperos que prefere ou que não gosta podem contribuir para a sua vontade de comer e, para além disso, são também uma forma de honrar a sua identidade. Se possível, perguntar à pessoa o que ela gostaria de comer – envolver a pessoa nas escolhas da comida pode contribuir para que ela tenha maior interesse em comer. Se a pessoa não conseguir decidir espontaneamente, dar-lhe duas opções simples de pratos ou comidas que se saiba que ela gosta. Preparar a comida de formas que sejam familiares para a pessoa também pode ajudar a que ela tenha maior vontade de comer; 
  • Manter a pessoa envolvida na preparação da comida poderá ajudá-la a manter algumas capacidades, mas também estimular o seu interesse em comer e beber. Assim, sempre que possível, deve tentar-se que a pessoa faça tarefas associadas com a preparação das refeições. Se a pessoa já não conseguir, poderá sentar-se na cozinha, enquanto o cuidador cozinha. Os cheiros e sons da comida podem estimular o seu apetite; 
  • Tornar a comida mais apelativa. Utilizar diferentes sabores, cores e cheiros. Elogiar a comida, dizendo, por exemplo: “Este peixe está mesmo delicioso! Há muito tempo que não comia um peixe tão bom!”; 
  • Experimentar vários tipos de comida e bebida, com temperaturas e texturas diferentes, para perceber o que é mais apelativo para a pessoa com demência, no momento em que se encontra. Como muitas pessoas com demência desenvolvem um gosto particular por alimentos doces, adicionar alguma componente doce à comida pode ajudar a favorecer o apetite, tal como compota, puré de maçã, ketchup ou pequenas quantidades de sumo de fruta; 
  • Verificar a temperatura da comida antes de servir, para garantir que não está nem muito fria, nem muito quente. Servir menos porções de comida de cada vez poderá ser útil, já que como as pessoas com demência demoram a comer, alguma da comida que está no prato já poderá estar fria, fazendo com que a pessoa já não a queira comer; 
  • Deixar a pessoa comer quando ela manifesta fome, e não necessariamente quando for a altura da refeição (se a pessoa tiver pouco apetite); 
  • Deixar a pessoa escolher a ordem por que prefere comer. Por exemplo, se ela quiser começar pela sobremesa, podemos deixá-la, já que pelo menos assim garantimos que ela ingere algum alimento e, se for ao contrário, ela poderá recusar toda a comida; 
  • Servir primeiro a comida mais nutritiva. Se a pessoa não conseguir tomar uma refeição completa ou tiver a tendência para, passado algum tempo, recusar comer, o melhor será sempre servir a comida mais nutritiva primeiro para garantir que a pessoa mantém uma alimentação equilibrada e sem carências; 
  • Contrastar a cor da comida com a cor do prato. Comida clara como puré de batata ou couve-flor poderá ser difícil de identificar se for servida num prato branco ou creme. Nesse caso servir, por exemplo, num prato vermelho, fará com que a pessoa encontre a comida com mais facilidade; 
  • Garantir uma atmosfera confortável. O conforto pode afetar o prazer da pessoa a comer e a quantidade que come. Para criar um ambiente calmo, que facilite a concentração, pode pôr-se a tocar uma música relaxante ou familiar durante a refeição e certificar-se que a pessoa está sentada de forma confortável e adaptada à sua mobilidade. Se possível, deixar a pessoa decidir onde se prefere sentar; 
  • Dar tempo e ser paciente. Não apressar a refeição, pois isso poderá deixar a pessoa mais frustrada e agitada. A pessoa poderá parar de comer e recomeçar várias vezes, pelo que é importante ter em mente que a refeição poderá durar uma hora ou mais; 
  • Tomar a refeição com outras pessoas. Comer ao mesmo tempo que as outras pessoas comem não só pode conferir uma estrutura ao dia, como também ajudar a pessoa com demência a desfrutar mais da comida e até incentivá-la a comer, muitas vezes por copiar aquilo que os outros à sua volta estão a fazer. Para além disso, se nessa altura se aproveitar para falar sobre comida ou relembrar comidas da infância da pessoa, isso pode contribuir para que ela desenvolva mais apetite; 
  • Fazer refeições mais pequenas e mais frequentes. Se as refeições normais se tornarem muito longas e difíceis, em vez de três refeições fazer cinco ou seis, ou fazer refeições mais pequenas e oferecer comida ao longo do dia. Se possível, tentar que sejam sempre nos mesmos horários; 
  • Servir alimentos ou refeições que a pessoa gosta e que possam ser comidas com a mão. Ao apresentarmos a comida dessa forma, poderemos gerar o interesse da pessoa em pegar nos alimentos e experimentar. Estas refeições podem ser: 
    • Aperitivos e comidas naturalmente mais pequenas e fáceis de comer, como cubos de queixo, nuggets de frango, douradinhos, pedaços de brócolos, couve-flor ou feijão-verde, gomos de laranja, pedaços de maçã ou de outra fruta. A fruta pode ser descascada, mas a casca poderá tornar mais fácil a pessoa agarrar nos pedaços, especialmente se for um tipo de fruta mais escorregadio; 
    • Sanduíches nutritivas, como sanduíches de atum ou com carne, onde podem ser incluídos vegetais. Pode ser feito numa única sanduíche ou em várias pequenas sanduíches; 
    • Pratos normais preparados de uma forma que seja fácil de pegar com as mãos. A comida pode ser cortada em pequenos pedaços, devendo remover-se ossos e outros elementos não comestíveis do prato, para a pessoa não os ingerir sem querer. Alguns exemplos são carne, peixe ou hambúrgueres (de carne ou vegetarianos) cortados aos cubos ou às tiras; 
    • Comida servida numa caneca (por exemplo, sopa), uma vez que a capacidade de segurar e beber de uma caneca tende a manter-se até uma fase tardia da demência. 
  • Identificar oportunidades em que seja mais fácil encorajar a pessoa a comer. Por exemplo, se a pessoa acordar muito durante a noite, então alguns snacks mais leves poderão ser uma boa ideia. Uma estratégia útil é utilizar informação sobre a história de vida da pessoa para perceber os melhores momentos – por exemplo, se a pessoa costumava tomar chá com amigos ou se gostava de comer durante os filmes; 
  • Promover a atividade física. Favorecer que a pessoa com demência seja ativa diariamente pode aumentar o seu apetite. Por vezes, atividades simples como dar um passeio, jardinagem ou fazer algumas tarefas domésticas (apanhar ou dobrar a roupa, lavar os pratos) podem ser o suficiente ajudar o apetite; 
  • Se a pessoa se esquecer de comer e beber, pode-se tentar: 
    • Tomar as refeições à mesma hora, todos os dias pode ajudar a pessoa com demência a recordar-se mais vezes; 
    • Dar pistas visuais, por exemplo pondo a mesa ou deixando a comida e bebida em locais que a pessoa veja, por exemplo próximos do local onde a pessoa se prefere sentar; 
    • Deixar lembretes em papel em locais bem visíveis, como a porta do frigorífico, colocar um alarme às horas da refeição, no telemóvel ou utilizando um temporizador. Os lembretes devem ser ajustados às capacidades da pessoa (para mais informação, consultar Auxiliares de Memória);
    • Comer em conjunto com a pessoa, telefonar à pessoa no horário das refeições ou arranjar alguém que visite a pessoa a essa hora; 
    • Arranjar serviços comunitários que entregam comida ao domicílio, como serviços de apoio domiciliário de centro paroquiais; 
    • Em fases moderadas e avançadas, as alterações de memória já serão muito marcadas e por isso será sempre necessário alguém certificar-se que a pessoa come, pois por mais que a lembrem que o tem que fazer, ainda assim ela irá esquecer-se. 
  • Se a pessoa estiver agitada ou agressiva, não vale a pena insistir-se para que tome a refeição naquele momento. O melhor será esperar que a pessoa se acalme e fique menos ansiosa e, apenas depois, oferecer-lhe comida ou bebida; 
  • Se existir perda de peso, oferecer à pessoa comida rica em gorduras e proteínas (como ovos, manteiga, queijo, bacon, abacate, gelados e batidos). Batidos vitamínicos e suplementos de alimentação líquidos podem, por vezes, substituir uma refeição completa. Sempre que a pessoa comece a perder peso ou existirem dúvidas sobre a nutrição, deve consultar-se o médico de família ou o médico especialista. Para mais informação sobre uma alimentação equilibrada, consultar Nutrição;
  • Consultar o médico que acompanha a pessoa. Discutir com o médico sinais de perda de peso ou de dificuldades que a pessoa tenha em engolir. Descartar problemas médicos que possam estar a causar a diminuição de apetite, como problemas cardíacos, infeções ou depressão. Perceber se existiu alguma alteração de medicação que possa ter contribuído para a diminuição do apetite. Perguntar se existem suplementos vitamínicos que sejam aconselháveis na situação específica daquela pessoa.


2.  Aumento do Apetite


O que pode provocar um aumento do apetite? 

  • Tipo de demência. Pessoas com alguns tipos de demência, como a Demência Fronto-Temporal, são mais prováveis de desenvolver aumento do apetite. Esse tipo de demência provoca alterações na área frontal do cérebro, responsável por controlar a inibição do comportamento. Essas alterações fazem com que a pessoa desenvolva uma compulsão para colocar coisas na boca (hiperoralidade), o que inclui objetos não-comestíveis como guardanapos, sabão, cápsulas da máquina de lavar ou pequenos objetos decorativos;
  • Dificuldades de memória. A pessoa com demência pode esquecer-se que já comeu e, como tal, comer novamente. Isso pode acontecer várias vezes de seguida; 
  • Falta de estimulação. A pessoa pode estar muito tempo sozinha, sem contacto com outras pessoas ou qualquer atividade que lhe dê um propósito, e por isso ocupar-se comendo ou procurando comida; 
  • Depressão. Por vezes, algumas pessoas com depressão começam a comer mais, numa tentativa de obter algum prazer.


O que fazer quando existe um aumento do apetite? 

  • Garantir que a pessoa está ocupada com atividades significativas durante o dia, para que não se sinta sozinha ou aborrecida; 
  • Estabelecer uma rotina que inclua socialização, exercício físico e outras atividades para prevenir que a pessoa pense muito em comida; 
  • Garantir que a pessoa está bem hidratada, pois ela poderá estar a confundir sede com fome; 
  • Redirecionar a atenção para outra atividade, imediatamente após a pessoa com demência ter terminado de comer, evitando assim que se lembre de pedir para comer novamente. Por exemplo, pode-se dizer: “Agora está na altura de darmos um passeio e apanhar sol e ar fresco”;
  • Retirar a comida da linha visão da pessoa, para que esse estímulo não a recorde de comer; 
  • Deixar, num local visível, pedaços de fruta ou aperitivos saudáveis (rodelas de banana, gomos de laranja, uvas, maçã ou cenoura) para que a pessoa os tire sempre que quiser; 
  • Ponderar retirar algumas comidas de casa, ou substituí-las por versões mais saudáveis ou com menos gordura ou calorias; 
  • Servir apenas um tipo de comida de cada vez, durante a refeição, e retirar essa comida antes de servir a próxima; 
  • Fazer refeições mais pequenas e mais frequentes. Partir a refeição em várias pequenas “refeições”, servindo a pessoa sempre que ela quiser comer. Tentar servir, nas primeiras “refeições”, as comidas mais nutritivas. Se a pessoa quiser mais comida no prato, colocar mais salada ou vegetais; 
  • Ter disponível vários aperitivos saudáveis para dar à pessoa quando ela manifesta vontade de comer, tais como fruta, vegetais, iogurte, puré de maçã, pipocas sem manteiga, sopa ou queijo fresco. Uma outra estratégia que poderá ser útil é, sempre que a pessoa quiser mais comida, oferecer-lhe bebidas com poucas calorias, como água, chá ou limonada. Podemos dizer: “Acabámos agora mesmo de comer, por isso agora é altura de beberes este copo de água”
  • Para evitar que a pessoa se engasgue, caso esteja a comer muito depressa, cortar a comida em pedaços pequenos e relembrá-la para mastigar e engolir devagar; 
  • Se a pessoa tentar comer objetos não-comestíveis, algumas estratégias úteis são: 
    • Assegurar que todas as pessoas que cuidam da pessoa têm noção desse comportamento; 
    • Remover todos os pequenos objetos decorativos ou de limpeza que possam ser interpretados como comestíveis, especialmente objetos que apresentam cores vivas e que, por isso, chamam mais a atenção; 
    • Retirar plantas tóxicas, plantas ou frutas artificiais ou outros elementos decorativos que a pessoa possa confundir como algo comestível e manter a comida para animais afastada; 
    • Retirar da zona de refeição todos os objetos que não sejam comestíveis, como flores ou guardanapos; 
    • Temperar a comida antes de a servir, para que o sal, a pimenta, o azeite e o vinagre não estejam na mesa, pois a pessoa poderá querer tomá-los como se fossem comida ou bebida; 
    • Garantir que existe sempre comida facilmente acessível para quando a pessoa tem fome, especialmente aperitivos saudáveis.
  • Consultar o médico que acompanha a pessoa ou solicitar a avaliação de um terapeuta da fala, caso se suspeite que a pessoa com demência possa estar deprimida ou se a pessoa se estiver a engasgar com facilidade. 


3.  Alterações das Preferências Alimentares


O que pode provocar alterações das preferências alimentares? 

  • Alterações do paladar. A demência pode provocar na pessoa alterações do paladar, fazendo com que a pessoa comece a apreciar sabores que não apreciava ou a não gostar de comidas que sempre gostou. É frequente as pessoas ficarem mais gulosas; 
  • Dificuldades de memória. As dificuldades de memória e raciocínio podem também fazer com que a pessoa faça escolhas que não vão ao encontro das suas preferências ou ideais da altura em que não tinha a doença. Por exemplo, uma pessoa que era vegetariana poderá querer comer carne porque: 
    • O seu paladar se alterou; 
    • Se lembra da altura em que comia carne (antes de ser vegetariana); 
    • Se esqueceu de que não come carne; 
    • Viu alguém a comer carne e quer comer a mesma coisa, mesmo que não saiba que comida é. 
  • Tipo de demência. As pessoas com Demência Fronto-Temporal têm maior probabilidade de ter alterações das preferências alimentares, incluindo desenvolver um gosto particular por doces ou por determinadas comidas ou pratos específicos.


O que fazer quando existem alterações das preferências alimentares? 

  • Deixar a pessoa escolher o que quer comer, mesmo que as combinações de comida sejam estranhas e fora do habitual; 
  • Deixar a pessoa escolher quando quer comer, pois também isso poderá ir alterando ao longo da doença. É sempre útil estabelecer uma rotina de refeição, especialmente em sintonia com os horários que a pessoa sempre teve, mas caso ela comece a manifestar preferência por diferentes horas ou alturas do dia, então adaptar a essa preferência facilitará a prestação de cuidados; 
  • Tentar servir comida de acordo com as preferências da pessoa e, caso ela apresente alguma modificação dessas preferências, tentar perceber se existe alguma razão por trás disso ou algum padrão (por exemplo, agora não gosta de carne ou de determinados cheiros, ou prefere comidas mais doces); 
  • Ter em atenção a forma como a pessoa digere os vários tipos de comida. Se alguma comida que agora prefere lhe provocar alterações de digestão, tentar oferecer algum substituto. Por exemplo, se a pessoa era vegetariana mas agora pede carne, tentar arranjar substitutos da carne, como seitan ou hambúrgueres vegetarianos, que serão mais fáceis de digerir; 
  • Se a pessoa ficar mais gulosa (o que é frequente na demência) ou desenvolver um gosto particular por doces ou comidas mais doces, algumas estratégias a utilizar podem ser: 
    • Dar opções doces saudáveis, como pedaços de fruta, comida embebida em sumo de fruta ou vegetais naturalmente doces; 
    • Oferecer batidos ou gelados com poucas calorias; 
    • Adicionar pequenas quantidades de sumo de fruta, mel ou compota à comida, para a adocicar; 
    • Acompanhar a comida com ketchup, puré de maçã ou outros acompanhamentos doces. 

Conteúdo atualizado a 30 de Novembro de 2022